5 de dez. de 2009

Teatro Forum e Cantata de Natal no SESC de Guarapari

Olá,
Ontem no SESC de Guarapari apresentamos para mais de 300 pessoas, no Intercâmbio da Juventude Rural, um Teatro Fórum com a temática 'Jovem Rural e suas oportunidades'. A encenação contou a história de um rapaz que não podia sonhar, ele não recebia nenhum apoio do pai diante das oportunidades que apareciam. O pai não sonhava e por isso não permitia que o filho e a sua esposa tivessem esse direito. Contamos com diversas intervenções dos jovens que assistiam (espect-atores) a representação. 



Além do mais, o coral Vozes da Esperança apresentaram uma linda Cantata de Natal e o grupo Fazendo Arte, em forma de poesia contou a história do nascimento de Jesus. 


15 de out. de 2009

Dia das Crianças com mais alegria

Na semana das crianças a ADL esteve presente na paróquia de Barracão, Afonso Cláudio e Serra Pelada. Auxiliando com teatro, música e gincana.
Peça teatral infantil: O Ladrão de Alegria




 

 

 
Equipe de Coordenação das atividades

11 de out. de 2009

Sugestão de alguns materiais para baixar



Jograis para o Advento

Mensagens para o Natal

Teatros para o Natal

Teatros para o Natal


29 de set. de 2009

Grupo Encant'Art marcando presença

Depois de refletir sobre o Tema do Ano “Missão de Deus Nossa Paixão”, lembrando da nossa tarefa como pessoas batizadas de colocar os dons a serviço, parte do Grupo de Jovens da Comunidade de Santa Maria de Jetibá descobriu uma nova paixão: o Teatro. Por esta paixão, alguns integrantes do grupo participaram de oficinas sobre o Teatro do Oprimido, na Associação Diacônica Luterana (ADL). No 1º Fórum Social da Juventude Luterana, organizado pela Coordenação Sinodal da JE e ADL o grupo “Encant’Arte” fez sua estréia. Logo depois participaram de um culto especial, o de Unção e Oração, na Comunidade de Santa Maria de Jetibá, chamando a comunidade a ouvir os clamores do mundo, com a peça “Partilhar Compaixão”, baseada na parábola do Bom Samaritano. A última apresentação aconteceu na APAE de Santa Maria de Jetibá, levando alegria aos alunos através de duas peças: “A Formiguinha e a Neve”, clássico da Literatura Infantil, e “Palhaços – A Criação”, que fala da criação do mundo e a luta entre o bem e o mal.

O Teatro é uma forma de colocar os dons a serviço, e assim os jovens estão descobrindo a alegria de fazer parte da comunidade e de um grupo ativo, que leva alegria e também faz as pessoas pensar sobre a realidade em que vivem. Que Deus abençoe este grupo e que vivam com alegria esta missão.



Edivaldo Binow – Pastor

Simone Vesper Binow – Coordenadora do Grupo
 










Notícia obtida no endereço no site luteranos.com.br

28 de set. de 2009

A Estética do Oprimido

"A Estética do Oprimido tem por fundamento a certeza de que somos todos melhores do que pensamos ser, capazes de fazer mais do que realizamos: todo ser humano é expansivo. A proposta é de promover à expansão da vida intelectual e estética de todos os seus participantes, a sua capacidade de compreensão do mundo e as suas possibilidades de transmitir aos demais membros de suas comunidades – bem como aos de outras – os conhecimentos adquiridos, descobertos, inventados ou re-inventados.
A Estética do Oprimido se baseia no fato científico de que quando, em cada indivíduo, são ativados os neurônios da percepção sensorial – células do sistema nervoso – esses neurônios não ficam lotados de barriga cheia, como bytes de um computador, armazenando informações estáticas. Eles não se esgotam nem se repletam – o saber não ocupa espaço, diz a sabedoria popular! Ao contrário dos bytes solitários, os neurônios estimulados formam circuitos que se tornam cada vez mais capazes de receber e transmitir mais mensagens simultâneas – sensoriais ou motoras, abstratas ou emocionais – enriquecendo suas funções e ativando neurônios vizinhos para que entrem em ação, criando redes cada vez maiores de circuitos conjugados que nos fazem lembrar outros circuitos, estabelecendo relações entre circuitos que, entre si, mantenham alguma semelhança ou afinidade, o que nos permite criar, inventar, imaginar.
A Estética do Oprimido visa desenvolver, nos integrantes de grupos de oprimidos organizados com os quais o CTO trabalha, todas as formas estéticas de percepção da realidade. Nele, três são as vertentes principais: Palavra, Imagem e Som. [ . . .]"

Livro inédito de Boal será lançado no RJ (29/9) e SP (1/10)






Autor: Ney Motta
leia mais: http://ctorio.org.br/novosite/imprensa/releases/livro-inedito-de-boal
leia também: http://www.garamond.com.br/arquivo/boal.pdf

13 de set. de 2009

Apresentação da peça teatral "O Morto-Vivo" em Alto Calderão

Neste sábado, dia 15 de Agosto, o grupo teatral Fazendo Arte da ADL, fez a sua 13º apresentação da peça "O morto-vivo" na comunidade de Alto Calderão, paróquia de Santa Teraza. Todo o grupo foi muito bem acolhido pelos membros e pela obreiro da paróquia. A encenação foi assistida por umas 90 pessoas.
Nos dias 29 e 30 deste mês o grupo estará nas paróquias de Colatina e Pancas com esta peça.




Encontro de Idosos aposentados de Itarana

Neste último sábado, dia 15 de agosto, aconteceu mais um encontro de idosos rurais aposentados de Itarana e região contando com a participação de mais de 300 pessoas. Marcando tradição, os alunos estiveram presente com uma representação teatral sobre as setes obras da misericórdia feita pela turma do 3º ano. Mais tarde, os mais novos membros do Compasso Quente coordenaram o memento dançante com todos idosos.











Esquete: Casamento do Fritz

Apresentação do "Casamento de Fritz" (Humor), no dia 12 de Junho na Semana de Canto 2009.








Dica de alguns bons livros

História Mundial do Teatro
Berthold, Margot
Com mais de 400 ilustrações, esta obra aborda o teatro primitivo, das civilizações islâmicas, indo-pacíficas, da China, do Japão, da Grécia, de Roma e Bizâncio; analisa a arte do palco da Idade Média, da Renascença e do Barroco; passa pela era da cidadania burguesa, e do naturalismo até o presente, acompanhado de vasta bibliografia e de um índice remissivo.

Jogos Teatrais na Sala de Aula - O Livro do Professor
Viola Spolin
Parte de um projeto - que se tornou uma grande contribuição ao ensino de teatro nas escolas e universidades como à prática artística de um modo geral -, este 'Jogos teatrais na sala de aula' é uma demonstração ao vivo do quanto o jogo, com toda a sua força mobilizadora e materializadora das energias humanas, pode ter uma extraordinária função pedagógica, traduzindo esse potencial da ludicidade num poderoso instrumento de aprendizagem. Ao conduzir alunos/atuantes a desenvolver habilidades de performance artística, estabelece uma forma de criação articulada com as subjetividades de cada um, em face dos mais variados exercícios propostos. Nesse envolvimento com os jogos teatrais, os alunos aprenderão regras básicas 'para contar histórias, apreciação da literatura e construção de personagens'. Os atuantes lidam com situações pouco familiares sem perder o sentido de grupo ou o foco. O formato do jogo demanda sempre um problema a ser enfrentado, sempre habilidades a desenvolver - professor e aluno abandonam posições opostas e revelam-se parceiros - diretor e ator? O corpo vai para o centro do palco. O material do teatro integra a sala de aula através de gestos e atitudes experienciados 'concretamente no jogo, sendo que a conquista gradativa de expressão física nasce da relação que deve ser estabelecida com a sensorialidade'. Baliza de performance renovadora, este livro proporciona um sistema pedagógico dos mais ricos que se mostra indispensável experimentar em salas de aula num país com as particularidades do Brasil.
Jogos para Atores e Não-Autores
Versao mais completa do ja celebre manual de jogos e exercicios do teatrologo. O livro sistematiza os exercicios utilizados pelo Teatro de Arena entre 1956 e 1971, oferecendo metodos de importancia inestimavel para o ator e para o homem comum.

O Arco-íris do Desejo - Método Boal de Teatro


Teatro do Oprimido e Outras Poéticas Políticas
Augusto Boal
Boal revela suas descobertas sobre improvisação, "Teatro Forum" e "Teatro Imagem" contidas na essência de seu "Teatro do Oprimido". As técnicas ajudam a entender o conflito entre o desejo e a vontade.

Uma das razões da popularidade do Teatro do Oprimido - criado originalmente quando seu autor, Augusto Boal, iniciava um exílio de 15 anos, durante o governo militar - está no fato de não se tratar de uma simples cartilha dogmática. Publicado pela primeira vez em 1973, traduzido para mais de 25 idiomas e utilizado em mais de 70 países, o "Teatro do Oprimido" é um método de pesquisa e criatividade que tem como objetivo a transformação pessoal, política e social e que pode ser usado por todos aqueles que se enquadrem na categoria "oprimidos", sejam operários, camponeses, mulheres, negros, homossexuais. A idéia de transformar o espectador em elemento ativo na encenação pretende iluminar as formas sutis ou declaradas de dominação e exclusão social, proporcionando outras maneiras de ver o mundo e as relações sociais. Para Augusto Boal, o importante é re-situar o indivíduo em seu entorno, apontando novas perspectivas de relações de poder.

Grupo Fazendo Arte apresentou

Grupo Fazendo Arte apresentou


 
Imagina um médico falando que não há mais vida em teu coração. Um susto? Lógico! Assim foi para o Astrogildo, o personagem principal da peça teatral o morto-vivo.
O grupo teatral Fazendo Arte da ADL,  a partir do mês de março, fez 14 apresentações por diversas paróquias do SESB atingindo em média um público de 1600 pessoas nestas apresentações.
A vida de Astrogildo está uma bagunça. Após a notícia da sua morte, ele precisa convencer a família e preparar o seu próprio velório. Enquanto os personagens choram, o público chora de rir. Mas ainda há uma solução para Astrogildo, o médico (doutor Ado) oferece o complexo “J”, o único remédio que pode reverter toda aquela situação. Astrogildo percebe que levou uma vida distante de Deus, da vida comunitária e da Palavra de Deus. A sua morte não foi física, mas foi do cultivo da espiritualidade.
Durante o segundo semestre de 2009, este mesmo grupo pretende visitar outras paróquias do Sínodo. Proporcionando gargalhadas, reflexão e alegria. Acreditamos que as artes cênicas também têm grande poder para a divulgação da palavra de Deus e além do mais, proporcionar vida e em abundancia.
Convite na rua para a apresentação da peça em Serra Pelada-ES
                                             

Grupo Fazendo Arte da ADL

Grupo Fazendo Arte da ADL
O Grupo Fazendo Arte é um grupo teatral que pertence a Associação Diacônica Luterana (ADL). Esse grupo atualmente é composto por 22 alunos da instituição. Buscamos através da convivência, jogos teatrais; apresentações em comunidade e escolas, experimentar o mundo do teatro. Não somos profissionais, somos apaixonados...
 Um forte abraço...

Manifesto do Teatro do Oprimido

Manifesto do Teatro do Oprimido
Leia o Manifesto do Teatro do Oprimido, produzido pela Associação Internacional do Teatro do Oprimido. Isso mesmo, internacional.
Associação Internacional do Teatro do Oprimido (AITO)

Declaração de princípios Preãmbulo
1. O objetivo básico do Teatro do Oprimido é o de Humanizar a Humanidade.
2. O Teatro do Oprimido é um sistema de Exercícios, Jogos e Técnicas Especiais baseadas no Teatro Essencial, que busca ajudar homens e mulheres a desenvolverem o que já trazem em si mesmos: o teatro.
O Teatro Essencial
3. Todo ser humano é teatro! 4. O teatro se define pela existência simultânea — dentro do mesmo espaço e no mesmo contexto — de espectadores e atores. Todo ser humano é capaz de ver a situação e de ver-se, a si mesmo, em situação.
5. O Teatro Essencial consiste em três elementos principais: Teatro Subjetivo, Teatro Objetivo e Linguagem Teatral.
6. Todo ser humano é capaz de atuar: para que sobreviva, deve produzir ações e observar o efeito de suas ações sobre o meio exterior. Ser humano é ser teatro: ator e espectador co-existem no mesmo indivíduo. Esta co-existência é o Teatro Subjetivo.
7. Quando um ser humano se limita a observar uma coisa, pessoa ou espaço, renunciando momentaneamente à sua capacidade e à sua necessidade de produzir ações, a energia e o seu desejo de agir são transferidos para essa coisa, pessoa ou espaço, criando, assim, um espaço dentro do espaço: o Espaço Estético. Este é o Teatro Objetivo.
8. Todos os seres humanos utilizam, na vida diária, a mesma linguagem que os atores usam no palco: suas vozes e seus corpos, movimentos e expressões físicas. Traduzem suas emoções, desejos e idéias em uma Linguagem Teatral. Teatro do Oprimido
9. O Teatro do Oprimido oferece aos cidadãos os meios estéticos de analisarem seu passado, no contexto do presente, para que possam inventar seu futuro, ao invés de esperar por ele. O Teatro do Oprimido ajuda os seres humanos a recuperarem uma linguagem artística que já possuem, e a aprender a viver em sociedade através do jogo teatral. Aprendemos a sentir, sentindo; a pensar, pensando; a agir, agindo. Teatro do Oprimido é um ensaio para a realidade.
10. Oprimidos são aqueles indivíduos ou grupos que são, social, cultural, política, econômica, racial ou sexualmente despossuídos do seu direito ao Diálogo ou, de qualquer forma, diminuídos no exercício desse direito.
11. Diálogoé definido como o livre intercâmbio com os Outros, individual ou coletivamente; como a livre participação na sociedade humana entre iguais; e pelo respeito às diferenças e pelo direito de ser respeitado.
12. O Teatro do Oprimido se baseia no Princípio de que todas as relações humanas deveriam ser de natureza dialógica: entre homens e mulheres, raças, famílias, grupos e nações, sempre o diálogo deveria prevalecer. Na realidade, os diálogos têm a tendência a se transformarem em monólogos que terminam por criarem a relação Opressores-Oprimidos. Reconhecendo esta realidade, o princípio fundamental do Teatro do Oprimido é o de ajudar e promover a restauração do Diálogo entre os seres humanos.
Princípios e Objetivos
13. O Teatro do Oprimido é um movimento estético mundial, não-violento, que busca a paz, mas não a passividade. 14. O Teatro do Oprimido procura ativar os cidadãos na tarefa humanística expressa pelo seu próprio nome: teatro do, por e para o oprimido. Nele, os cidadãos agem na ficção do teatro para se tornarem, depois, protagonistas de suas próprias vidas
15. O Teatro do Oprimido não é uma ideologia nem um partido político, não é dogmático nem coercitivo, e respeita todas as culturas. É um método de análise, e um meio de tornar as pessoas mais felizes. Por causa da sua natureza humanística e democrática, o TO está sendo amplamente usado em todo o mundo, em todos os campos da atividade social como, por exemplo, na educação, cultura, artes, política, trabalho social, psicoterapias, programas de alfabetização e na saúde. No Anexo desta Declaração de Princípios, alguns projetos exemplares são apresentados para ilustrar a natureza e o escopo deste Método teatral. 16. O Teatro do Oprimido está sendo usado em dezenas de países de todo o mundo, aqui relacionados em Anexos, como um instrumento poderoso para a descoberta de si mesmo e do Outro; para clarificar e expressar os desejos dos seus praticantes; como instrumento para modificar as causas que produzem infelicidade e dor; para desenvolver todas aquelas características que trazem a Paz; para respeitar as diferenças entre indivíduos e grupos; para a inclusão de todos os seres humanos no Diálogo necessário a uma sociedade harmoniosa; finalmente, também está sendo usado como instrumento para a obtenção da justiça econômica e social, que é o fundamento da verdadeira Democracia. Em resumo, o objetivo mais geral do Teatro do Oprimido é o desenvolvimento dos Direitos Humanos essenciais. A ASSOCIAÇÃO INTERNACIONAL DO TEATRO DO OPRIMIDO (AITO)
17. A AITO é uma organização que coordena e promove o desenvolvimento do Teatro do Oprimido em todo o mundo, de acordo com os princípios e os objetivos desta Declaração.
18. A AITO cumpre este objetivo inter-relacionando os praticantes do Teatro do Oprimido em uma rede mundial, promovendo a troca entre eles, e o seu desenvolvimento metodológico; facilitando o treinamento e a multiplicação das técnicas existentes; concebendo e executando projetos em escala mundial; estimulando a criação local de Centros do Teatro do Oprimido (CTOs); promovendo e criando condições de trabalho para os CTOs e os seus praticantes, e criando um ponto de encontro internacional na Internet.
19. A AITO tem os mesmos princípios e objetivos humanísticos e democráticos do Teatro do Oprimido, e vai incorporar todas as contribuições de todos aqueles que trabalharem dentro desta Declaração de Princípios.
20. A AITO entende que todos aqueles que trabalham usando as várias técnicas do Teatro do Oprimido, subscrevem esta mesma Declaração de Princípios.

photo: courtesy of ms-nepal
Mais informações:
http://www.theatreoftheoppressed.org/en/index.php?nodeID=1
http://www.ctorio.org.br/

Uma oficina demonstrativa com Jovens Pomeranos e Negros do Espírito Santo

 
Por: William Berger
Num colégio interno Luterano
No interior do interior do Espírito Santo, do Brasil,
Há uma jovem loura pomerana
Que escreveu sua dor com o Teatro do Oprimido.
Encenou o estupro que sofreu
Pelo próprio pai em 1997.
Todas as noites um monstro a visitava
Em pesadelos terríveis.
Acordava em prantos e gritos, dez anos depois!
E via nesses pesadelos crianças com aspectos fantasmagóricos
[Brincando com bonecas mutiladas: sem olhos, sem boca e sem braços, o rosto sujo pela dor] Que sempre a assustavam quando se aproximava.
No dia em que cheguei
Percebi olhares
 F   u   g   i    t    i     v    o sssssssssssssssssssssssssssss
Ressabiados.
Desconfiados . . .
Iniciei a oficina com “Batizado Mineiro” ¹ e uma pergunta:
O que é Teatro para você? Pra que serve o Teatro?
As respostas, as mais variadas: “expressar o que penso”, “dizer algo para alguém”, “espalhar o evangelho”, “não sei muito bem”.
Quase todos ali já tinham feito teatro em suas comunidades luteranas pelo interior do Espírito Santo e outros estados do Brasil: no Natal, na Paixão de Cristo; e mesmo com temas sociais: miséria, solidariedade, compaixão ao próximo!
Senti que a terra era fértil e poderia lançar ali as sementes do Teatro do Oprimido:
Sem dúvida iria frutificar!!!
Não deu em outra, depois de ouvi-los falei qual Teatro propúnhamos:
Da Libertação do ser humano, da expansão de nossas capacidades,
Da ampliação de nossos sentidos, de ser mais, dos oprimidos!
E a clássica pergunta: vocês querem fazer Teatro do Oprimido?
Advinhem a resposta . . .
Um discreto sim!
No 1º dia fizemos joguexercícios
E muitas reflexões sobre o sistema opressor que a todo momento quer
Alienar nossos corpos, mentes e corações!
E como sempre falei muito de Boal!
[ há uma semana, o mestre havia subido nas asas de um beija-flor
Rumo ao paraíso da imaginação onde habitam todos os personagens
E a paisagem são todos os cenários e de lá há assentos e uma platéia
Onde Paulo Freire, Mahatma Gandji, Martin Luther King e muitas vozes enviam  intervenções em pensamentos que fortificam nossa intuição!]
  
À medida que prosseguia percebi nesses jovens a necessidade de algo a mais
Olhares ansiosos, grávidos, ávidos por derramar . . .
Bocas prontas a dizer, corpos repletos de hormônios e dúvidas: perguntas!
Em minha mala de livros, levei uma revista com imagens surrealistas
Uma delas mexeu muito com o grupo: uma mulher algo fantasmagórica na cruz com outros corpos  cobertos de barro ao redor.
Depois de expressões de espanto
E um lonnnnnggggggggggggoo silêncio
 . . .
 . . .
 . . .
Um rapaz pomerano de 15 anos
Falou: “Todas as noites vejo imagens como essa
Em meus pesadelos, um monstro entra em meu quarto
E quebra todos os móveis! Não sei como me livrar dele”.
Nesse momento disse para mim mesmo:
STOP: C’EST MAGIQUE!!!!!!
E propus: “Vocês, sei que é delicado mexer nessa caixinha,
Vocês gostariam de encenar seus pesadelos?”
Ao que desconfiados aceitaram o desafio.
Para começar uma reflexão distribuí poemas oníricos
De Jorge Luis Borges, Fernando Pessoa e William Blake
E pedi que reescrevessem, desenhassem, escrevessem novos poemas,
Cartas sobre suas opressões, pesadelos, traumas e que trouxessem no dia seguinte!
Quatro grupos com jovens pomeranos e negros de 12 a 19 anos
Dois educadores e muito, muito desafio nos próximos dias!
À noite no quarto em que fiquei hospedado quase podia ouvir vozes
De fantasmas, de meio século de juventudes oprimidas, de sexualidades
Recolhidas que impregnavam as paredes, ecos de tempos distantes e dos corpos presentes! Fiquei sabendo que naquela mesma noite um dos rapazes mais problemáticos, que não estava na oficina, quebrara violentamente o espelho do internato masculino!
Reestruturei toda a oficina. Pretendia que fosse uma de Teatro Fórum
Como outras que já havia feito!
Surpresa e espanto, eu estava mergulhado no desconhecido
E não sabia ainda onde podia chegar
O caminho não existia, só o caminhar!
Amanheceu, e após as orações e refeição matinal senti que o ritmo da casa havia sido alterado,
Minha presença com o Teatro do Oprimido já tinha repercussões.
Fomos para a sala de trabalho:
Aquecimentos, exercícios, ensaios das cenas.
Acompanhei cada grupo de perto.
O resultado já estava se concretizando
Mais exercícios de imagem, caminhadas e das 4 categorias:
1. Sentir o que se toca
2. Escutar o que se ouve
3. Ativando os vários sentidos
4. Ver o que se olha
Os embriões cresciam e tomavam forma
O grupo já estava à vontade e revelava coisas
Antes escondidas, camufladas, reprimidas!
Falei quão simbólicos são nossos sonhos
E quanto falam de nós
E como podemos transformar.
A hora do resultado, as apresentações:
Quatro cenas:
  a de um jovem pomerano
Que perdera seu tio, melhor amigo,
Por negligência de um médico
E só soubera da morte após o enterro:
A família lhe negou o direito de se despedir!
Fizemos um fórum!
“O poeta é um fingidor, finge tão completamente a sua dor,
Que chega a fingir que é dor, a dor que deveras sente” ( Fernando Pessoa)
2ª uma mística com flautas, canções e flores!
“Canções da Inocência” (de William Blake)
3ª um jovem que deixava tudo para amanhã:
O telefonema da família
A busca da mãe
Que falecera
Sem lhe falar.
4ª a jovem loura pomerana
A cena começa com três pancadas violetas numa caixa
Música evanescente e melancólica
1997: ano em que a oprimida havia sido abusada
sexualmente pelo próprio pai.
Poema de Borges "A Um Velho Poeta"
Em cena fugia de seus fantasmas e o jovem que todas as noites
Era invadido e destruído por dentro por seus monstros
Deixou ali no espaço, na palavra recriada, poetizada, no som organizado
e na imagem reconstruída a expressão de sua dor.
Dores psíquicas coletivizadas, encenadas.
Silêncios rompidos, espelhos despedaçados!
O pastor, diretor do colégio, assistia na platéia,
Louco para entrar em cena e ajudar aquela menina,
Dizer que ela é importante e que merece ser feliz
Ajudá-la a enfrentar seus fantasmas, ser seu aliado!
“Estamos perdendo tempo
para as igrejas oportunistas.
Podemos expulsar nossos demônios
Com esse teatro”
Essa palavra do pastor
Tocou fundo em minha alma
E senti que o resultado,
Mesmo sem o fórum,
Já estava concreto:
Havia o desejo de transformar!
Parei por ali a oficina, pois o tempo era limitado
E poderia entrar em labirintos difíceis de retornar.
Ficamos com o desejo, sim um forte desejo de continuar,
De ir além . . .
O NUPRATO (Núcleo de Praticantes de Teatro do Oprimido do ES)
Recebeu um convite para uma oficina de 3 dias
No Fórum Social da Juventude Luterana, em Setembro de 2009.
Foi uma realização, um desejo antigo,
Pois eu mesmo havia sido aluno desse colégio.
E em um sonho meu [analizo meus próprios sonhos]
Uma voz dizia que eu deveria ir até lá
E eu fui . . . encontrar a pedra perdida:
O desejo de transformar!
William Berger
Assistente Social, ator, multiplicador de Teatro do Oprimido - ES  e RJ
28 de julho de 2009
Essa Oficina Demonstrativa aconteceu nos dias 24 e 25 de maio de 2009 no município de Afonso Cláudio - ES
¹ - um dos exercícios do livro "Jogos para Atores e Não - Atores" de Augusto Boal